First Flush: a importância do descarte das primeiras chuvas

Começou a chover. Pensou em aproveitar a água da chuva? Não se esqueça de um detalhe importante: o descarte inicial!

Sempre que realizamos o aproveitamento da água pluvial é recomendado que seja feito um descarte da primeira chuva que cai do céu. Essa prática é conhecida como “first flush”, e é recomendada porque durante os primeiros momentos do fenômeno, a chuva carrega várias impurezas que estão em suspensão na atmosfera, como partículas de fuligem, gases acidificantes e até poeira. Quando a chuva escorre pela superfície de coleta (geralmente o telhado), também carrega impurezas dela, exercendo a função de limpeza. O resultado disso já se pode imaginar: as primeiras águas coletadas vêm com sujeira, gravetos, matéria orgânica, mesmo após passar pelo filtro! Essas impurezas tornam a água imprópria para ser aproveitada para qualquer finalidade.

Devido a disso, a norma 15227/2007 recomenda que não se aproveite os primeiros 2 mm de precipitação, considerando que esse volume é o suficiente para limpar a atmosfera e o telhado.

Figura 1: Esquema de um sistema de descarte inicial.

Fonte: Relatório da RainMap para o CTC.

 

E como aplicar isso ao sistema de aproveitamento? É necessário implantar um sistema de descarte das primeiras chuvas, que pode ser feito com um controlador de vazão eletrônico ou um reservatório menor com um sistema de fechamento automático. O controlador de vazão pode ser instalado diretamente na tubulação de coleta, mas requer um alto investimento e manutenção recorrente, é recomendado para aproveitamentos de grandes volumes. Já o reservatório menor pode ser feito de diversas formas, utilizando uma caixa d’água, garrafas ou até com uma serpentina de tubulações de PCV, dependendo do volume. O volume de descarte inicial, ou seja, o volume do reservatório menor, é calculado pela expressão:

D = 0,002x A

Onde:

D é o volume de descarte inicial, em m³

A é a área de coleta, em m²

Esta água reservada no descarte inicial deve ser descartada por meio de gotejamento, sem a utilização de torneiras, válvulas ou outro meio. Caso fosse colocado uma torneira, por exemplo, há a necessidade de o usuário esvaziar o reservatório sempre que houver chuva.

Exemplo de descarte inicial feito com bombona.

Fonte: Rodrigues et al. (2007).

 

Quando o reservatório estiver cheio, a água é então direcionada para o reservatório principal. Essa passagem geralmente é feita com uma boia, ou algum dispositivo que sele a entrada do reservatório e faz com que ele não receba mais água depois de cheio. Assim, a água coletada após o volume inicial vai para o reservatório principal, para receber o tratamento de desinfecção (geralmente por cloração ou UV), e então ser aproveitada para os devidos fins.

 

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Cofundador e diretor técnico da RainMap Sistemas Sustentáveis. Mestre e Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Santa Catarina, com ênfase na área de Aproveitamento de Águas Pluviais em Edificações.

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